Edição do evento entra no seu terceiro ano
Afirmando a Luta Negra em
Pelotas
Rubinei Machado será o
homenagiado do III Agosto Negro
Do dia 16 ao 31 de agosto, espaços da cidade estarão
permeados de práticas voltadas a valorização da auto-estima da
(invisibilizada) comunidade negra pelotense. É o III Agosto Negro –
Mobilizando a Negra Luta que inicia seu vasto cronograma de
atividades na sexta-feira dessa semana no Colégio Municipal
Pelotense.
Pelotas é uma das cidades na história do Brasil, que tiveram uma
das maiores concentrações de riqueza no período colonial.
Infelizmente, tudo isso graças a mão de obra escrava que trabalhou
no charque séculos afora. Mantendo até hoje a cultura de sobrenomes
e heranças das famílias escravistas.
Desde 2011, vem ocorrendo na cidade, um intenso mês de atividades,
organizado pelo Coletivo Negada. que visam refletir, por meio de
ações juntamente as juventudes periféricas, a história e a
importãncia do negro para a construção cultural, arquitetônica,
econômica e social da Princesa do Sul. O evento é conhecido como
Agosto Negro, e em 2013 entra na sua terceira edição, visando
debater as questões carcerárias, incluindo a proposta governamental
de redução da maioridade penal, entre os dias 16 e 31 de agosto.
O Agosto Negro surgiu na década de 70 nos Estados Unidos com o
objetivo de durante um mês levar as pessoas a uma reflexão acerca
da discriminação e da desigualdade de direitos entre negros e
brancos. Além disso visa a difusão dos Movimentos de Luta Negra, em
memória aos vários militantes presos e assassinados em prol do
respeito e a dignidade do povo negro.
O evento se espalhou por vários cantos do mundo, como Caribe,
África do Sul, França e Rússia. Desde 2002, quando a Coordenadoria
da Juventude da Prefeitura de São Paulo, em parceria com a
Coordenadoria de Assuntos da População Negra, trouxe a mobilização
para o Brasil, o país integra o calendário mundial dos eventos que
formam o Agosto Negro, ocorrendo em cidades como Salvador e São
Luiz.
Em Pelotas, a terceira edição tem como temática “Mobilizando a
Negra Luta”.
A proposta esse ano é que sejam oferecidas à comunidade pelotense
(em espaços educacionais, praças, instituto de menores, etc.)
atividades descentralizadas, permeando ações de empoderamento e
autonomia através da arte, saúde, educação e economia solidária.
A atividade não visa fins lucrativos, e conta com o trabalho
voluntário de grupos e indivíduos que são e se fazem parceiros na
luta antirracista.
A abertura do evento, marcada para o dia 16 de agosto às 19 horas,
acontece no Ginásio do Colégio Municipal Pelotense (R. Marcílio
Dias, 1597 – Centro). Nesse dia haverá uma mostra das atividades
que irão ocorrer durante as duas semanas do evento, uma discussão
sobre a redução da maioridade penal, além de uma homenagem ao ex
- militante do Movimento Negro, Rubinei Machado, falecido no começo
desse mês. Rubinei foi presidente do Conselho Municipal da
Comunidade Negra, Diretor Cultural do Clube Cultural Fica Ahí e
membro do Fórum #COTASSIM Pelotas.
Sabrina Souza, militante do Coletivo Negada, explica que mesmo o
próprio coletivo surgiu através do apoio do Rubinei, personagem que
sempre lutou pela emancipação e a reparação por parte do Estado
aos crimes cometidos à população negra. “Por isso esse Agosto
Negro será dedicado à ele”, afirma Sabrina.
O Coletivo Negada é um coletivo autônomo de estudantes negros e
negras, que utiliza da cultura afro e a educação como ferramentas
de luta contra os vários tipos de discriminação racial. Surge no
mesmo ano da primeira edição do I Agosto Negro, que teve como
temática Memória e Identidade, que fez um resgate das ações dos
Clubes Negros da cidade.
Para conhecer um pouco mais a programação do III Agosto Negro –
Mobilizando a Negra Luta, e a trajetória do Coletivo Negada basta
acessar o blog coletivo-negada.blogspot.com.
por Lili Rubim
militante do Coletivo Negada
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