A partir das discussões do Fórum
#COTASSIM UFPel, realizadas entre fim de outubro e começo de novembro,
elaboramos uma carta com propostas para o projeto de implementação do sistema
de cotas sociais na universidade. Tais propostas foram apresentadas durante a
reunião do Conselho Universitário, no último dia 13 desse mês, pelos
companheiros André Almeida, e Rubinei Machado. Entre tantas pautas
(permanência, acesso, corte étnico-racial), destacou-se a proposta de serem
implementadas, já para o próximo processo seletivo, a reserva 40% do total de
vagas da universidade, por curso e turno, a alunos oriundos de instituições
públicas de ensino.
Em contra-proposta, o COCEPE
(conselho de ensino, pesquisa e extensão), órgão responsável por elaborar uma
avaliação técnica sobre a aplicação da lei 12.711/12, apresentou a proposta
para essa reserva de um percentual de 30%. Apesar de vários questionamentos,
por parte dos conselheiros, de como nossa proposta tratava o recorte
étnico-racial (que remetem 50% da reserva de 40%), acirradamente, nossa
proposta obteve a maioria dos votos (27 a 25). Sendo assim aprovada a lista de
demandas elaboradas pelo Fórum #COTASSIM.
Enquanto isso, o Coletivo Negada,
Movimento Negro, Associação do Hip Hop e DCE, estavam do lado de fora em
vigília. A Vigília Preta visou informar a comunidade acerca dessa importante
decisão, que irá interferir na realidade de muitas pessoas.
A implementação das cotas sociais
em Pelotas tem um significado muito grande, já que a Universidade Federal de
Pelotas se mostrou surda e omissa na construção de espaços para debater e
discutir ações reparatórias e afirmativas, de cunho social e racial. E sabemos
da real mudança que as cotas irão provocar, não somente dentro dos muros da universidade,
mas principalmente o impacto social periferias afora. Mas mudanças reais só
acontecem, desde que a sociedade siga se envolvendo, cada vez mais,
participando, e cobrando as demandas específicas de cada grupo social, étnico e
cultural.
Valorização, reconhecimento e
empoderamento são algumas das perspectivas que buscamos visualizar no dia-dia
de cada pessoa que até hoje sofre dos malefícios dessa econômia do capital, que
justificou torturas, genocídios, sacrifícios e o aprisionamento da natureza (da
qual somos somente parte) nas mãos da superprodução.
E a luta continua! Passada a
aprovação dessa primeira carta de propostas, é preciso seguir com as discussões
e ações, para que o Fórum #COTASSIM tome um corpo cada vez maior e plural.
Ampliando as possibilidades, criando grupos que se disponham a informar a
comunidade estudantil do ensino público. Além de pensar formas diferenciadas de
acesso e permanência de comunidades que vivem por outros viéis de cultura e
cosmovisões, diferentes dos padrões impostos pelo modo de vida
urbano-consumista.
Ou seja, arregaçar as mangas e
seguir adiante. Mas desta vez nos permitindo a sonhar com a proximidade de
reais transformações.
Uhuru!
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