quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Os 40% de Cotas Sociais na UFPel



A partir das discussões do Fórum #COTASSIM UFPel, realizadas entre fim de outubro e começo de novembro, elaboramos uma carta com propostas para o projeto de implementação do sistema de cotas sociais na universidade. Tais propostas foram apresentadas durante a reunião do Conselho Universitário, no último dia 13 desse mês, pelos companheiros André Almeida, e Rubinei Machado. Entre tantas pautas (permanência, acesso, corte étnico-racial), destacou-se a proposta de serem implementadas, já para o próximo processo seletivo, a reserva 40% do total de vagas da universidade, por curso e turno, a alunos oriundos de instituições públicas de ensino.

Em contra-proposta, o COCEPE (conselho de ensino, pesquisa e extensão), órgão responsável por elaborar uma avaliação técnica sobre a aplicação da lei 12.711/12, apresentou a proposta para essa reserva de um percentual de 30%. Apesar de vários questionamentos, por parte dos conselheiros, de como nossa proposta tratava o recorte étnico-racial (que remetem 50% da reserva de 40%), acirradamente, nossa proposta obteve a maioria dos votos (27 a 25). Sendo assim aprovada a lista de demandas elaboradas pelo Fórum #COTASSIM.

Enquanto isso, o Coletivo Negada, Movimento Negro, Associação do Hip Hop e DCE, estavam do lado de fora em vigília. A Vigília Preta visou informar a comunidade acerca dessa importante decisão, que irá interferir na realidade de muitas pessoas.

A implementação das cotas sociais em Pelotas tem um significado muito grande, já que a Universidade Federal de Pelotas se mostrou surda e omissa na construção de espaços para debater e discutir ações reparatórias e afirmativas, de cunho social e racial. E sabemos da real mudança que as cotas irão provocar, não somente dentro dos muros da universidade, mas principalmente o impacto social periferias afora. Mas mudanças reais só acontecem, desde que a sociedade siga se envolvendo, cada vez mais, participando, e cobrando as demandas específicas de cada grupo social, étnico e cultural.

Valorização, reconhecimento e empoderamento são algumas das perspectivas que buscamos visualizar no dia-dia de cada pessoa que até hoje sofre dos malefícios dessa econômia do capital, que justificou torturas, genocídios, sacrifícios e o aprisionamento da natureza (da qual somos somente parte) nas mãos da superprodução.

E a luta continua! Passada a aprovação dessa primeira carta de propostas, é preciso seguir com as discussões e ações, para que o Fórum #COTASSIM tome um corpo cada vez maior e plural. Ampliando as possibilidades, criando grupos que se disponham a informar a comunidade estudantil do ensino público. Além de pensar formas diferenciadas de acesso e permanência de comunidades que vivem por outros viéis de cultura e cosmovisões, diferentes dos padrões impostos pelo modo de vida urbano-consumista.

Ou seja, arregaçar as mangas e seguir adiante. Mas desta vez nos permitindo a sonhar com a proximidade de reais transformações.

            Uhuru!

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